terça-feira, 21 de outubro de 2014

Que sou e como descobri que sou Soro +


Olá pessoal,
Me chamo... quem sabe um dia crio coragem e me exponho, tenho  29 anos.
Nasci e cresci em uma cidade pequena no estado do RS. Quando jovem, sempre fui tímido e ficando com poucas garotas.
Com 25 anos, sai do interior do estado e vim morar em São Paulo, enfim, consegui entrar na profissão que tanto almejei, ser comissário de voo. Ainda sendo tímido, tive dificuldades em fazer amizades, até que um dia eu descobri que um tal aplicativo de celular estava bombando entre os gays! Era novidade e a era da internet 24hrs no celular começava a expandir no Brasil. Este aplicativo se chama Grindr.
Sempre tive uma queda por homens, um dia, resolvi instalar este app em meu celular e então conheci um rapaz, aonde acabamos tendo um relacionamento de uns 3 à 4 meses. O relacionamento não deu certo, sofri muito e comecei a me culpar e cobrar porque eu não queria ser gay. Me relacionei com algumas garotas, não deu certo.
Resolvi usar novamente o aplicativo que era mais voltado para ter sexo sem compromisso e com estranhos, a moral do aplicativo? Bater papo, se encontrar, se rolar clima (que muitas vezes nem rolava), transar, gozar e cada um ir pro seu canto. Fiz isso várias vezes! Infelizmente, algumas vezes fora sem preservativo. Errei? SIM! Muitas vezes achamos que aquela(e) parceira(o) por ser de boa índole, bonita(o), pessoa aparentando ser saudável, acabamos ignorando "nosso amor" e acabamos cometendo erros como transar sem proteção.
O tempo passou... Comecei a ter consciência de meus erros, e que eu estava fugindo de meus princípios e que eu não estava me respeitando, comecei a parar de usar estes apps (Grindr, Tinder, Scrufff, Hornet...).
Eu via um amigo meu que o considero um irmão para mim que usava muito estes aplicativos, o alertei várias vezes, sobre os perigos e pela consciência que adquiri pelas doenças que andam soltas por ai.
Final de 2013 minha mãe faleceu, chorei muito, uma pessoa que tanto amo deixou seu lado físico e partiu para uma colônia espiritual (sou espírita). Neste período minha imunidade baixou e surgiu algo diferente em meu pênis, eu estava "voando", ou seja, trabalhando e em Porto Velho, começou a me dar febres e dor de garganta, avisei os meus colegas de voo que iria num plantão médico ver de minha febre e da garganta. Uma doutora me analisou e me diagnosticou que eu estava com herpes no pênis e assim iniciei um tratamento passando a pomada aciclovir. Chorando todos dias e tento pequenas febres, liguei para a empresa e solicitei para sair do voo, retornei ao RS e fiquei com minha família, minhas irmãs. Tive muitas febres e dor de garganta, fui novamente num plantão médico e uma médica me injetou duas Benzetacil e melhorei!
Retornei à São Paulo e procurei um urologista para solicitar exames de DST e que ele analisasse esta tal herpes que já estava quase cicatrizada. Eu já sentia que eu havia adquirido o vírus do HIV. Nos exames constaram que eu tinha HPV e não herpes, e sim, eu soube que eu era um soro+.O dia que vi meu exame, coração bateu acelerado e a respiração ficou ofegante! Vi meus exames e estava lá, escrito vários REAGENTE!

ANTICORPOS ANTI HIV1/HIV2 EANTÍGENO p24
RESULTADO: REAGENTE
INDEX: 19,99
Valor de refrência
19,9 Reagente: Indice >ou =0.25
Não reagente: Indice <0.25
HIV1, ANTICORPOS (WESTERN BLOT)(2)
BANDA GP160 ........ REAGENTE
BANDA GP120 ........ REAGENTE
BANDA P6 ............... REAGENTE
BANDA P5 ............... REAGENTE
BANDA P51 ............. REAGENTE
BANDA GP41 .......... REAGENTE
BANDA P40 ............. REAGENTE
BANDA P31 ............. REAGENTE
BANDA P24 ............. REAGENTE
BANDA P17 ............. REAGENTE
PADRÃO ...................REAGENTE PAR HIV1

Entrei em desespero! Chorando muito e tremulo, começou a passar um filme diante de mim! Eu sem vida, solitário, que não poderei realizar meu sonho em ser pai, ter alguém para amar, que serei discriminado, fiquei sem chão! Rapidamente mandei mensagem para minha psicóloga e a mesma me chamou para eu ir em seu consultório, lá ela abraçou e me confortou, chamou uma doutora, sua amiga, para me esclarecer algumas coisas.
No consultório, criei coragem e liguei para minha irmã mais velha, chorando pelo telefone, ela me confortou e me disse sábias palavras e que eu não iria viver esta vida sozinho e que eu teria ela para o que der e vier. A doutora me questionou se eu andei tendo relações sem preservativos, falei que sim, mas que também à uns 6 meses atrás fui duas vezes em um consultório dentário aonde que o dentista não tinha secretária e ele mesmo atendia telefonemas, mexia em minha boca e dos pacientes sem luvas (dava pra ver ele atendendo pois deixava a porta da sala de espera aberta). Não vi ele esterilizando as ferramentas e ou trocando agulhas, mas o desespero pela dor do dente era maior (trinquei a raiz do dente com amendoim) que ignorei o que eu via. Denunciei para a Anvisa. E também tive que fazer exame de colonoscopia aonde que horas após o exame tive febre alta e parei num plantão para tomar soro e baixar a febre, a médica, após de analisar o exame de sangue, me falou que eu tinha adquirido alguma infecção, já que o de colonoscopia não devia ter me dado estas reações como febre alta.
As primeiras semanas, comecei a me isolar das pessoas, ter vergonha de mim mesmo, e pelos arrependimentos.
Meu maior medo era o preconceito da sociedade! E este medo continua até hoje! Mesmo após 6 meses sabendo que sou portador do vírus HIV.

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